segunda-feira, 14 de março de 2011

OS ESQUEMAS DE YOUNG VISTOS PELA ÓTICA DA ASTROLOGIA


     Ando aprendendo coisas muito interessantes…Uma delas é na área da psicologia cognitiva. Refiro-me a certas crenças que desenvolvemos quando crianças e que são disfuncionais em um grau significativo. Jeffrey Young  chamou-as Esquemas Iniciais Desadaptativos.
      Para quem não conhece a terapia focada nos esquemas de Young, vou dar uma ligeira pincelada no assunto para que possam se situar melhor. Esquemas, para Young, são crenças e sentimentos significativos que a pessoa constrói a partir  da infância e vai aperfeiçoando ao longo da vida, tornando-se uma lente através da qual ela vê o mundo e a si mesma. Esses esquemas, segundo ele, operam de modo sutil e inconsciente e são muito resistentes à mudança. Por exemplo, a criança que desenvolve a crença de que é incompetente, raramente se questiona sobre isso, mesmo quando adulta, e pode não correr os riscos necessários para sua realização por achar que não vai conseguir de nenhuma forma. Um esquema é desencadeado por acontecimentos chegando a contaminar a interpretação que a pessoa faz deles, levando-a a experienciar emoções negativas extremas e a ter pensamentos disfuncionais.
      A questão é: em que a Astrologia pode contribuir para identificar esses esquemas, ajudar no processo de auto-descoberta e promover as mudanças necessárias nos padrões cognitivos? Não tenho a resposta para isso ainda, mas gosto de brincar com esse tipo de associação. Tenho revisado os mapas de pessoas que conheço em busca de algo substancial que corrobore minha hipótese. Muita pretensão da minha parte, reconheço. Mas não é que encontro vários indicios entre uns e outros? Isso não qualifica o mapa astral a definir a priori quais o esquemas que aquela pessoa vai desenvolver. Eu diria que a posteriori sim, é possível detectar  certas energias presentes no mapa que indicariam tendências do indivíduo para perceber o mundo de determinada forma, abrindo a possibilidade de desenvolver determinadas crenças sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo, mas de uma maneira rigida e distorcida a ponto de prejudica-lo de forma significativa.
      Coincidentemente, chegou-me às mãos por diferentes fontes, os dados de quatro individuos, todos eles com as mesmas dificuldades para lidar com as frustrações e a disciplina. Os esquemas comuns a todos eles diz respeito à questão dos limites prejudicados, o que Young chamou de Merecimento/Grandiosidade e Autocontrole/ Disciplina Insuficientes (explico depois o que são).
      Uma investigação mais minuciosa trouxe à tona questões ligadas à infância. Embora vindos de diferentes backgrounds, todos eles tinham sido expostos a estilos parentais muito semelhantes. Nesse caso, foram pais que não modelaram autocontrole ou não disciplinaram de forma adequada seus filhos, mimando-os em excesso, dando-lhes liberdade para fazer o que quisessem sem dar-lhes noção de compartilhamento e reciprocidade. Sabem o que havia em comum nos quatro mapas? A lua no signo de Sagitário! Vamos traduzir isso para quem nao entende de Astrologia: Como a Lua se refere à experiencia da infância, a energia de Sagitário traz um cenário que permite a essa criança entregar-se e expandir-se, dando-lhe muito espaço próprio, nao encontrando interferência a seus desejos e movimentos. Brinda-lhe com uma confiança elementar e uma forte valorização de si mesma. O problema é que quando essa criança cresce, vai achar que nunca vai existir conflito em seus horizontes. Quando surgem condições adversas, essas dificuldades, frustrações e conflitos são percebidos como extremamente ameaçadores e perigosos. Daí que muitas vezes, a pessoa nega a realidade, idealizando situações e pessoas, exagerando na avaliação dos seus projetos e assim por diante.
      Não me entendam mal: não estou deduzindo que todos que tenham a lua em sagitário terão dificuldades com limites , não saberão controlar os próprios impulsos e levar em conta as necessidades dos outros. Esses são os aspectos negativos dessa posição. Outras posições planetárias equivalentes podem resultar nessas mesmas dificuldades (por ex, Lua em mal aspecto com Júpiter), mas, insisto, não se pode generalizar.
      Voltando entao aos esquemas, o que me chamou a atenção foi que cada uma dessas pessoas com a Lua em Sagitário tinha dificuldades com os limites, a ponto de prejudicar-lhes de forma significativa o desenrolar natural da vida. Por suas peculiaridades, reagiram de diferentes maneiras aos esquemas, que podem ter muitas variações sobre o mesmo tema. Tres  delas entraram em profunda depressão ao término de um namoro, uma produzindo sintomas que a levaram à  hospitalização e outra  criando mecanismos compensatórios para não se machucar mais, o que a impedia de abrir-se a novos relacionamentos. As quatro pessoas têm problemas de disciplina e auto-controle. Todas tem dificuldade de lidar com a raiva, tendo explosões de ira quando frustrados ou magoados.

      Voltando aos esquemas, os dois que mencionei antes tem as mesmas características que acabei de descrever. A familia de origem costuma nao expor a criança a niveis normais de desconforto, pecando também por excesso de indulgência e falta de limites reais. O resultado pode ser uma incapacidade de tolerar qualquer frustração ou incapacidade de conter a expressão de impulsos ou sentimentos. Eu acrescentaria que em casos extremos pode levar a disturbios psiquiátricos graves como agitação psicomotora ou despersonalização, que muitas vezes representam um movimento defensivo contra sentimentos intoleráveis de fragilidade e desproteção.
      Como eu disse acima, os dois esquemas que mais identifiquei nesses mapas (merecimento/grandiosidade e autocontrole/ autodisciplina insuficientes) referem-se à crença de que o sujeito deveria poder fazer, dizer ou ter tudo o que quisesse, sem importar se isso magoaria outras pessoas, além da já citada  incapacidade de tolerar qualquer frustração. Pais demasiado indulgentes, que não estabelecem limites sobre o que é socialmente apropriado, que não modelam autocontrole ou disciplina adequados aos filhos, podem predispô-los ao desenvolvimento desses esquemas.
      Assim como foi possível identificar esses 2 esquemas en passant, também é possivel encontrar  outras configurações astrológicas que se encaixam confortavelmente dentro dos outros esquemas de Young (ele definiu 18 até agora). Um desafio interessante para um pesquisador paciente. 

sábado, 9 de outubro de 2010

NOSSAS ESCOLHAS AMOROSAS


Essa semana terminei de ler o livro “Comprometida” de Elizabeth Gilbert. Adorei e indico para todo mundo.  Fiquei pensando e matutando sobre o tema,  buscando todo tipo de conexão possível com o que chamo de meus “construtos teóricos astrológicos” (sempre faço isso, é quase uma compulsão!)
Tudo bem, hoje em dia nos casamos por amor, apesar de que muitas vezes o amor não seja dirigido à pessoa amada e sim ao conteúdo do seu bolso, mas essa é uma outra história. A coisa funcionaria mais ou menos assim: Você conhece alguém, sente algum tipo de atração por ele e vice-versa, saem, se conhecem por um tempo, acham que estão apaixonados e decidem juntar os trapos. Pronto.  Mas porque você fica lembrando daquele outro namorado , que te deixava maluquinha com um simples olhar (ou gesto, ou beijo)? Ah… aquele sim me atraia, diria você… Entao porque  se casou com este?
Ah, nossas escolhas!... O livro me fez pensar sobre nossas preferências amorosas, tendo como pano de fundo o Mapa Astrológico. A grande confusão é que nós temos dois planetas que basicamente indicam o tipo de parceiro/ parceira que nos atrai. Mas por que confusão?
 
As escolhas femininas
No caso da mulher, os  planetas   Sol e Marte no  Mapa Astral indicam que tipo de homem a atrai. São planetas de energia masculina que a mulher tende a projetar no homem. Nao significa que ela não os expresse, mas é um tipo de energia que lhe é menos acessivel, sendo portanto, mais facilmente projetada em suas escolhas afetivas. Acontece que o Sol simboliza o pai, Marte o conquistador. O Sol é a referência masculina que introjetamos através da figura paterna e que, em consequencia, atraimos inconscientemente. Marte é o galã, é a energia masculina que nos excita, é a forma de expressão que nossa paixão assume. A barafunda se arma quando esses dois planetas estão incompativeis entre si no mapa de alguém.
Vamos supor um exemplo. Uma mulher com um Sol em Câncer e com Marte em Gêmeos. Sem considerar aqui os aspectos e as casas onde eles se encontram, para não complicar demais, imaginem o tipo de homem por quem essa mulher sente atração fisica e sexual. Gêmeos é um signo mental, dai que,  dentre as qualidades que essa mulher busca, a inteligência terá um papel fundamental. Sentirá atração pela agudeza mental, a vivacidade e engenhosidade intelectual do homem. Ela se excita ao ser estimulada intelectualmente, o cérebro é o órgão sexual mais importante para ela.  Mas e o Sol em Câncer? A tendência é procurar   um tipo protetor, que lhe proporcione segurança emocional , que seja sensivel e nutridor, um tipo caseiro, vamos dizer assim. Com esse sim, ela provavelmente se casará. Isso não quer dizer que tenha que ser alguém do signo mesmo de Câncer! Nada disso, a Astrologia não é tão simplista assim. Quero dizer que a personalidade do seu escolhido terá possivelmente características parecidas ao canceriano. E que, sendo feliz ou não com ele, ela sentirá uma estranha atração por homens inteligentes, que a estimulem intelectualmente. O ideal seria que seu parceiro protetor e carinhoso também fosse um garanhão com as palavras, mas isso já é pedir demais aos Céus.

As escolhas masculinas
Por outro lado, Lua e Vênus formam o par feminino no mapa de um homem. Enquanto a Lua é a mãe, Venus é o arquétipo da amante.  A Lua de um homem, além de indicar suas necessidades emocionais, também indica o tipo de mulher que o atrai para formar uma familia, que qualidades fazem com que um homem se sinta cômodo e seguro, pois remete à forma de ser da mãe, que de um modo mais direto é quem nos cuida e protege. Venus, além de mostrar o jeito que o indivíduo se arruma, seu gosto pessoal, também revela o tipo de mulher que o atrai a nivel romântico, o que mais valoriza nos relacionamentos, o que procura na parceira. A posição do planeta Venus no mapa de um homem descreve o que ele procura numa mulher como amante ideal. 
Se o sujeito consegue encontrar alguém que preencha todos esses requisitos ou é capaz de reconhecer sua impossibilidade, então teremos um homem relativamente feliz e ajustado nas suas relações amorosas. No entanto, a experiência mostra que muitas vezes isso não acontece. Lembro-me de um livro, se nao me engano de uma mineira, chamado “A função Social dos Amantes”, em que ela faz uma análise sociológica dessa questão (a dos amantes)  tão hipocritamente escamoteada, mas que parece ter um papel importante na  manutenção do casamento como instituição monogâmica tradicional. Em meus delirios astrologicos, fico imaginando se as mulheres “oficiais”, ou seja, as esposas desses homens, estariam ligadas à energia lunar, e suas amantes manifestariam seu lado venusino… Grande parte dos entrevistados no livro, disse que se envolveu por se sentir fisicamente atraída pela outra mulher. Hummm….very suspicious, como diria Watson.
Se entrarmos na análise de um mapa, teremos que levar em consideração não só o signo do planeta em questão, mas a casa em que se encontra e os aspectos que faz. Aí sim teremos uma imagem mais completa do tipo de pessoa por quem nos sentimos atraídos. O passo seguinte a essa descoberta é aceitar que escolher implica abrir mão de alguma outra coisa. E não adianta ficar fantasiando ou reclamando que nosso parceiro/parceira não tem tal ou tal qualidade que tanto nos atrai. Com certeza, tem muitas outras qualidades que nos atrairam e que foram em algum momento preponderantes sobre outras, ganhando nosso coração.
O que nos resta saber, afinal, é que aceitação dos limites, tolerância, maturidade emocional, compreensão, lealdade, capacidade de perdoar são qualidades que nós mesmos precisamos desenvolver, independente de qualquer outra característica que busquemos no parceiro amoroso, independente de onde quer que estejam os planetas indicadores de nossas escolhas.
Emerge de minha memória uma velha frase de Erich Fromm, em seu livro A arte de Amar: “O amor não depende dos atributos da pessoa amada, mas da capacidade afetiva de quem ama”.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A LUA DE CADA UM

        Lua cheia no céu. Equinócio de Primavera. A noite com seu brilho prateado inspira-me a escrever sem censura...
       A astrologia é fantástica. Traz consigo a possibilidade de adquirir um conhecimento sobre nós mesmos que nem anos a fio de psicoterapia é capaz. Se fixarmos a atenção em um único planeta do nosso Mapa Astral, quantos mistérios é possível desvendar !
      Olhando a Lua Cheia, ponho-me a pensar sobre a posição da Lua e sua relação com os outros planetas no Mapa Astral de cada um. Quanta coisa nos revela sobre a infância, a relação com a mãe, os hábitos, as reações emocionais... Basta observar como reagimos diante de acontecimentos que superam o limite de nossa segurança emocional. Cada um de nós reage de um jeito, mas em geral, há uma retração quase instantânea em busca do mais conhecido e familiar, tratando de obter um refúgio nas memórias da infância, na crença de que assim, estaremos protegidos. Vamos aos exemplos?
     Que tal uma lua em câncer, que ao enfrentar o desconhecido, assusta-se como um caranguejo e volta pra sua casinha, negando-se a sair dela na convicção de que só o fato de esconder-se em casa irá resolver seus problemas. Ou uma lua em Sagitário, acostumada a dispor de liberdade e abundância e que diante do obstáculo que a oprime, compra uma passagem para qualquer lugar que lhe permita tomar distancia para sentir-se livre e escamotear seus medos. Claro que os medos voltam a assombrá-la, mas sempre haverá um outro lugar exótico onde poderá continuar se escondendo.
     Lua em Gêmeos! Essa é interessante. A emoção bate em sua porta, ela responde lá de dentro do seu intelecto: “Por que? O que você quer? Me explica!” E corre para ler um livro que fale sobre a emoção que a aflige... Como pedir a essa Lua que responda emocionalmente ao estímulo, se sua reação primeira é falar, verbalizar, buscar explicações? Esse é o mecanismo que a acalma, a faz sentir segura e acolhida diante do desafio que se lhe apresenta.
     Quando a Lua dialoga com os outros planetas, nem sempre de forma amigável, cria desafios ainda maiores, tornando mais complexo seu mecanismo reativo e exigindo do sujeito um esforço adicional na busca de auto-integração.
     Encontrando a Lua num bate-boca com Urano, pode acontecer o clássico medo ao abandono. É como se esse contato pensasse: “alguma coisa vai acontecer. Justo agora que estou me envolvendo, você vai puxar meu tapete e me deixará sozinho.” Daí que se sinta constantemente assustado e ameaçado, com medo de que o abandonem. E então o que faz? Abandona primeiro, antes que o façam! Ai, Urano!... Imaginem vocês o drama: enquanto a Lua quer que a acolham e cuidem, quer a intimidade e carinho, Urano suplica por espaço para que possa respirar. Realmente, é uma situação bastante incomoda. Esse tipo de contato pode se manifestar de muitas diferentes formas, mas a idéia é basicamente essa.
     E o que dizer de um contato Lua-Saturno? Um colecionador de danos, diria um astrólogo famoso. Parece que exala o sentimento de que nunca teve o suficiente, e pior ainda, de que nunca vai conseguir o que necessita, e se consegue não será capaz de conservá-lo. Que buraco de carência, essa criança faminta. No entanto, ninguém percebe o drama, pois se esconde atrás de uma eficiência e controle invejáveis.
     Plutão não deixa por menos, quando aparece tensionando a frágil Lua. Medo de ser humilhado, destruído? “Ninguém terá poder emocional sobre mim! Não me mostro, e se posso, manipulo, exijo”. Quanta ferida emocional há por detrás desse controle, sempre se assegurando de que pode bater duro de volta, se for rejeitado ou humilhado.
     A Lua também tem seus talentos, em qualquer lugar que se encontre. Quando essa parte do nosso psiquismo integra-se com o restante do mapa, permite uma compreensão maior do nosso próprio mundo emocional. Integrada ao sistema, essa Lua já não rouba energia distorcendo as outras funções psíquicas. Quanta habilidade mostra a Lua geminiana quando consegue colocar em palavras suas emoções. Que capacidade para conectar-se com as necessidades emocionais do outro tem a Lua no signo de Câncer e como responde com sensibilidade à solicitação emocional de outra pessoa, criando um clima de acolhimento e satisfação.
     O que dizer da lua sagitariana, com sua vitalidade e confiança na vida, transmitindo otimismo e alegria, num campo de energia pleno de generosidade e confiança na expansão.
Mesmo os aspectos difíceis, que nos empurram a um aprendizado forçado, podem traduzir-se, ao longo dos anos, em recursos inestimáveis para a expressão de um Eu mais verdadeiro.
     Insisto: a Astrologia é realmente fantástica, concordam comigo? E esse luar entrando pela janela evoca uma cena deliciosamente bucólica de minha infância em Baturité...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sob um transito de Plutão



Há  tempos atrás andei recebendo um email sobre o importância da amizade entre mulheres e como isso tinha influência positiva sobre a saude. O texto dizia que diante de uma tensão nervosa extrema, o corpo humano reage produzindo hormonios que podem conduzir à briga ou à fuga o mais rápido possível. Parece que, diferentemente dos homens,  parte da reação das mulheres diante do stress é produzir o hormônio ocitocina que as fazem sentir necessidade de proteger seus filhos e se agruparem com outras mulheres. E quando isso ocorre, produzem mais ocitocina, diminuindo assim o stress severo e produzindo um efeito calmante.
Achei o máximo e andei repassando para todas minhas amigas. No entanto, uma coisa é esse conhecimento intelectual de um fato e outra bem diferente é quando vocë VIVE a experiência, introjeta aquilo de tal forma, que passa  a fazer parte do seu patrimônio vivencial.
Durante um trânsito de Plutão sobre minha Lua, passei por momentos de muita tensão, inquietude e conturbação emocional. Stress, enfim. Como todo trânsito é um processo com suas fases e ciclos, após meses de sofrimento, quando todas as emoções possíveis vieram à tona e o caos tomou conta de minha rotina, senti um impulso irresistivel de procurar amigas que há anos não via, de frequentar grupos que inevitavelmente só eram formados por mulheres. E cada vez que voltava para casa, acompanhava-me um sentimento de alegria, contentamento. Mesmo que não tivesse sido tão interessante o encontro, tinha a impressão de ter sido nutrida pela energia das mulheres. (não, gente, não me tornei gay!)Comecei a perceber que nós mulheres somos capazes de falar sobre nossos sentimentos, sem que isso descambe para o terreno da fofoca. Há uma familiaridade e cumplicidade incrível entre as amigas e eu estava redescobrindo isso enquanto Plutão atormentava minha Lua canceriana. Estava reencontrando o poder e a força(Plutão) do feminino (Lua), através dessa retroalimentação entre nós, mulheres. Dizem que “as amigas ajudam a preencher vazios emocionais de nossas relações maritais e nos ajudam a recordar quem realmente somos.”
Creio que foi isso que acabei constatando através da experienciação genuina.  Como a Lua simboliza a mulher, a energia feminina, quando Plutão estimulou essa área da experiência foi possível, através dor e da transformação, reencontrar –me com meu lado receptivo e intuitivo.  A Lua é dona de nossas emoções mais profundas e de nossa capacidade de sonhar. Uma de suas  qualidades fundamentais  é a capacidade de estabelecer contatos que geram intimidade, isolando o perigo lá fora. Por exemplo, o útero, o lar, a familia…e eu acrescentaria o grupo de mulheres genuinas e cúmplices, que quando se reunem, criam um círculo protetor, criam uma atmosfera de intimidade e afeto que opera como uma verdadeira válvula de segurança a nivel inconsciente, protegendo-nos das ameaças à nossa integridade psíquica.
Enquanto os trânsitos dos planetas exteriores nos incitam à mudança, eles também oferecem a inigualável oportunidade de  reencontro com as qualidades mais nobres do planeta afetado. Claro que isso muitas vezes só é possivel depois de incomodar-nos muito, a ponto de nos tirar da zona de conforto em direção à transformação e crescimento necessários.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

PREVISÕES ASTROLÓGICAS

            Uma das perguntas que as pessoas me fazem quando digo que sou astróloga é: _’E então, quais são as previsões para este ano/pro Brasil/ pro meu signo?’ É constrangedor ter que explicar toda vez que eu não faço esse tipo de trabalho, que minha linha é mais para o auto-conhecimento, etc.
Se  fizesse previsões desse tipo, com certeza teria muitos clientes, todos ávidos por saber o futuro, e estaria ganhando muito dinheiro! Pensar sobre o tema me remete a um evento que ocorreu este ano, quando até um polvo fazia prognósticos que, nesse caso, foram mais acertados que os de qualquer astrologo, vidente, tarólogo e assim por diante.
A copa do mundo deixou-nos momentaneamente hipnotizados por um mês, a midia não falava sobre outro assunto e como não podia faltar, varios profissionais apareceram na TV, nos jornais e na internet dando seus palpites sobre os jogos e os vencedores. É aqui onde cabe algum esclarecimento. A esse tipo de previsão, eu chamaria de profecia. No Aurelio, a definição de profecia é: predição do futuro feita por um profeta, oráculo, vaticínio, presságio. Hipótese, suposição , conjetura.
E quando buscamos por previsão, está escrito: ato ou efeito de prever, antevisão, presciência. Estudo ou exame feito com antecedencia. Cautela, prevenção.
Quando queremos saber quem vai ganhar a copa ou a presidência da república, estamos atrás de uma profecia, uma adivinhação. Que, estatisticamente, tem cinquenta por cento de possibilidade de acerto!
Agora, se alguem está em crise, inseguro quanto ao futuro, sem saber como lidar com as desafios que se apresentam, então aí é onde o trabalho do astrológo pode ser de extrema valia. Nesse caso, fazer previsões baseia-se num estudo prévio das energias que estão em jogo, não para dizer ao cliente o que deve ou não fazer ( exceção, talvez, da astrologia eletiva ou horária), mas para orienta-lo sobre como lidar com o tipo de energia que está por vir. Sabemos qual é essa energia, mas não sabemos como ela vai se manifestar. Se soubessemos exatamente como, seriamos ótimos videntes, profetas e estaríamos com a agenda repleta até o ano 2015, provavelmente!
Não podemos afirmar que um divorcio está a vista, deixando o cliente sem escolha, mas podemos mostrar-lhe que, se não houver uma mudança significativa numa relação deteriorada, provavelmente haverá uma ruptura drástica, porque aproxima-se um momento de mudança e renovação. É uma lei básica da vida: se não fizermos nossa parte, a vida fará por nós, quase sempre através da dor. Ter o estudo astrológico como aliado, implica alguma escolha ou pelo menos algum grau de consciência que nos permite transitar pelas crises ganhando maturidade e poder de decisão. Diferentemente, quando alguém nos profecia que está por vir um divórcio, deixa-nos vítimas do destino, marionetes dos planetas que, inexoráveis, determinam nossa sorte.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

SATURNO E OS MECANISMOS DE DEFESA – PARTE II

A experiência de Saturno (e todos nós o temos em algum lugar do Mapa Astral) gera uma gama variada de mecanismos de defesa. Alguns até produzem resultados positivos, como, quando por compensação, desenvolvemos nosso ponto fraco, mas em geral, não funciona bem assim. É preciso passar por muitas vicissitudes antes de descobrirmos nossos medos mais profundos, nossas falhas mais ocultas.
Basicamente, Saturno produz privação. Algo nos foi negado, mas como os planetas refletem apenas um modo de percepção e nem sempre refletem a situação real, temos que descobrir se realmente houve algum tipo de privação ou se foi nosso grau de exigência e de importância que não nos permitiu aceitar ou reconhecer o que nos foi dado. Como menciona Liz Greene , em seu livro “Saturno”, ele simboliza tanto um processo psíquico como um tipo de experiência, porém a sensação é de que algo nos foi negado, algo que necessitávamos e, por isso, nos tornamos limitados, restritos, inadequados, “subnutridos” numa area particular de nossa psique. E enquanto não alcançarmos um grau de consciência da ferida saturnina, estaremos condenados a produzir defesas inconscientes que nos anestesiam e nos alienam, mantendo-nos afastados de nossa essência. Como fazemos isso? Compensando nosso sentimento de inadequação, seria um exemplo. Pode ser uma falsa compensaçao, como quando fingimos que somos ótimos naquilo que secretamente sentimos que temos dificuldades. Alguem com Saturno em Gêmeos pode se gabar de ser um ótimo comunicador, insistindo em pronunciar e escrever as palavras de forma obssessivamente corretas. Porem, atras dessa pseudo-superioridade intelectual pode esconder uma profunda inadequação na arte de estabelecer amizades e laços sociais .
Outro mecanismo de defesa de Saturno é quando projetamos lá fora aquilo que nos assusta, nos restringe e nos faz sentir inadequados. Culpamos o outro por todos nossos males. O marido é um sacana, a mãe é castradora, o chefe boicota nosso crescimento….foram eles que não nos deixaram crescer, realizar, vencer, superar. Saturno é extremamente sutil em construir defesas. Podemos evitar lidar com nossas dificuldades escolhendo justamente pessoas que nos impedirão de enfrentar nossos medos mais profundos. Quando esse planeta está em Escorpião, podemos evitar um relacionamento mais íntimo e profundo, recusando compromisso ou escolhendo alguém com algum bloqueio sexual ou emocional, assim evitamos encarar o doloroso fato de que temos dificuldades com a própria sexualidade.
Talvez um das defesas inconscientes saturninas mais graves seja o desprezo. Define-se desprezo como um intenso sentimento de desrespeito e antipatia, semelhante ao ódio, mas que implica um sentimento de superioridade. Quando desprezamos, estamos desconsiderando o outro como alguem que possa ter algum valor ou atenção. Quando sentimos desprezo, nos sentimos superiores. Uma constrangedora maneira de evitar reconhecer nossas proprias inadequações! Desprezo parece estar conectado com o sentimento de humilhação e inadequação que frequentemente encontra-se no centro das defesas saturninas.
Bem proximo ao desprezo surge, quase sempre, o orgulho. Não o orgulho solar que reflete auto confiança e auto-estima elevada. O orgulho de Saturno é uma defesa inconsciente contra seu sentimento de inferioridade e inadequação. Nega que necessita ajuda e amor do outro. E nega-se a oferecer ajuda e apoio àqueles que o necessitam. Nota-se tal reação nos capricornianos em geral, regidos por Saturno. Estes vestem sua máscara de independência e autonomia e parecem ter um cartaz colado na testa que diz: “nao preciso de ninguém, me viro sozinho!”
Saturno utiliza vários mecanismos inconscientes em um inútil afã de esconder sua vulnerabilidade, no entanto, não é só dor e restrição. É possivel essa experiência para alcançarmos auto-consciência e gradualmente ir percebendo o significado de nossas próprias vidas. Há um longo caminho a ser percorrido para que isso aconteça. Se entendemos o suficiente da linguagem astrológica, comecemos observando onde está Saturno em nossos mapas, em que signo e casa se encontra, que aspectos faz. Podemos nos surpreender com as descobertas, mas é preciso ter cuidado para não nos dissociarmos completamente de nossas feridas quando alguém trata de desvelá-las para nós, tendo a típica reação: “Do que é que ela está falando? Eu não sou ou não me sinto assim!” Dissociação pode ser uma outra defesa contra a dor de Saturno…

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

SATURNO E OS MECANISMOS DE DEFESA - parte I

Durante toda nossa existência lutamos em busca da totalidade. Um trabalho constante no sentido de nos tornar mais conscientes, mais completos. Porém, é um processo interminável porque, a maior parte do tempo, estamos em luta com nós mesmos. Nossas partes brigam entre si pela supremacia na psique, aflorando com isso conflitos aparentemente insolúveis. O inconsciente pressiona para transferir seu conteúdo para o nível da consciência, o que demanda um esforço considerável. Procura alcançar a luz do dia, mesmo que seja doloroso ou destrutivo para a segurança e estabilidade do indivíduo.
Se o inconsciente falha em seu propósito,as partes suprimidas podem aparecer em forma de defesas da personalidade, em forma de doenças ou em projeções em outros indivíduos. Parece simples, não? Basta saber que há algo em nós que tenta alcançar um equilíbrio que preserve nossa saúde, fazer as pazes com as partes não vividas e vivermos felizes para sempre!
Quando nascemos, nos deparamos com um padrão de energia que nos acompanhará pelo resto da vida. Esse padrão foi codificado, através da observação e da experiência ao longo dos tempos, como o mapa astrológico. Esse mapa reflete fielmente o estado cósmico no momento do nascimento do indivíduo. O campo vibracional que o mapa simboliza vai se manifestar, ao longo da vida do indivíduo, como características psíquicas, vínculos e acontecimentos que ele deverá viver.
Claro que não é suficiente conhecer esse estado cósmico para encontrarmos o equilíbrio e resolver nossos problemas com o mundo. Mas que ajuda muito, ajuda!
Pensemos em nossos mecanismos de defesa. Todos nós desenvolvemos defesas de alguma forma, como algo inerente à nossa natureza. Defesas, como diz Liz Greene, não são negativas, é a maneira de garantir a sobrevivência em qualquer nível. Porém há defesas que podem ser altamente destrutivas quando se tornam tão rígidas e fechadas que impossibilitam o diálogo.
O mestre das defesas é o planeta Saturno. Todos o temos em algum lugar no mapa. Descobrir como ele funciona e como lidamos com este tipo de energia pode ser uma experiência fascinante. É como tirar a máscara e descobrir que na realidade não precisávamos tanto dela para nos proteger e, mais ainda, a máscara impedia-nos de ver com clareza o caminho de realização e plenitude de potencial que se descortina à frente.