quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A LUA DE CADA UM

        Lua cheia no céu. Equinócio de Primavera. A noite com seu brilho prateado inspira-me a escrever sem censura...
       A astrologia é fantástica. Traz consigo a possibilidade de adquirir um conhecimento sobre nós mesmos que nem anos a fio de psicoterapia é capaz. Se fixarmos a atenção em um único planeta do nosso Mapa Astral, quantos mistérios é possível desvendar !
      Olhando a Lua Cheia, ponho-me a pensar sobre a posição da Lua e sua relação com os outros planetas no Mapa Astral de cada um. Quanta coisa nos revela sobre a infância, a relação com a mãe, os hábitos, as reações emocionais... Basta observar como reagimos diante de acontecimentos que superam o limite de nossa segurança emocional. Cada um de nós reage de um jeito, mas em geral, há uma retração quase instantânea em busca do mais conhecido e familiar, tratando de obter um refúgio nas memórias da infância, na crença de que assim, estaremos protegidos. Vamos aos exemplos?
     Que tal uma lua em câncer, que ao enfrentar o desconhecido, assusta-se como um caranguejo e volta pra sua casinha, negando-se a sair dela na convicção de que só o fato de esconder-se em casa irá resolver seus problemas. Ou uma lua em Sagitário, acostumada a dispor de liberdade e abundância e que diante do obstáculo que a oprime, compra uma passagem para qualquer lugar que lhe permita tomar distancia para sentir-se livre e escamotear seus medos. Claro que os medos voltam a assombrá-la, mas sempre haverá um outro lugar exótico onde poderá continuar se escondendo.
     Lua em Gêmeos! Essa é interessante. A emoção bate em sua porta, ela responde lá de dentro do seu intelecto: “Por que? O que você quer? Me explica!” E corre para ler um livro que fale sobre a emoção que a aflige... Como pedir a essa Lua que responda emocionalmente ao estímulo, se sua reação primeira é falar, verbalizar, buscar explicações? Esse é o mecanismo que a acalma, a faz sentir segura e acolhida diante do desafio que se lhe apresenta.
     Quando a Lua dialoga com os outros planetas, nem sempre de forma amigável, cria desafios ainda maiores, tornando mais complexo seu mecanismo reativo e exigindo do sujeito um esforço adicional na busca de auto-integração.
     Encontrando a Lua num bate-boca com Urano, pode acontecer o clássico medo ao abandono. É como se esse contato pensasse: “alguma coisa vai acontecer. Justo agora que estou me envolvendo, você vai puxar meu tapete e me deixará sozinho.” Daí que se sinta constantemente assustado e ameaçado, com medo de que o abandonem. E então o que faz? Abandona primeiro, antes que o façam! Ai, Urano!... Imaginem vocês o drama: enquanto a Lua quer que a acolham e cuidem, quer a intimidade e carinho, Urano suplica por espaço para que possa respirar. Realmente, é uma situação bastante incomoda. Esse tipo de contato pode se manifestar de muitas diferentes formas, mas a idéia é basicamente essa.
     E o que dizer de um contato Lua-Saturno? Um colecionador de danos, diria um astrólogo famoso. Parece que exala o sentimento de que nunca teve o suficiente, e pior ainda, de que nunca vai conseguir o que necessita, e se consegue não será capaz de conservá-lo. Que buraco de carência, essa criança faminta. No entanto, ninguém percebe o drama, pois se esconde atrás de uma eficiência e controle invejáveis.
     Plutão não deixa por menos, quando aparece tensionando a frágil Lua. Medo de ser humilhado, destruído? “Ninguém terá poder emocional sobre mim! Não me mostro, e se posso, manipulo, exijo”. Quanta ferida emocional há por detrás desse controle, sempre se assegurando de que pode bater duro de volta, se for rejeitado ou humilhado.
     A Lua também tem seus talentos, em qualquer lugar que se encontre. Quando essa parte do nosso psiquismo integra-se com o restante do mapa, permite uma compreensão maior do nosso próprio mundo emocional. Integrada ao sistema, essa Lua já não rouba energia distorcendo as outras funções psíquicas. Quanta habilidade mostra a Lua geminiana quando consegue colocar em palavras suas emoções. Que capacidade para conectar-se com as necessidades emocionais do outro tem a Lua no signo de Câncer e como responde com sensibilidade à solicitação emocional de outra pessoa, criando um clima de acolhimento e satisfação.
     O que dizer da lua sagitariana, com sua vitalidade e confiança na vida, transmitindo otimismo e alegria, num campo de energia pleno de generosidade e confiança na expansão.
Mesmo os aspectos difíceis, que nos empurram a um aprendizado forçado, podem traduzir-se, ao longo dos anos, em recursos inestimáveis para a expressão de um Eu mais verdadeiro.
     Insisto: a Astrologia é realmente fantástica, concordam comigo? E esse luar entrando pela janela evoca uma cena deliciosamente bucólica de minha infância em Baturité...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sob um transito de Plutão



Há  tempos atrás andei recebendo um email sobre o importância da amizade entre mulheres e como isso tinha influência positiva sobre a saude. O texto dizia que diante de uma tensão nervosa extrema, o corpo humano reage produzindo hormonios que podem conduzir à briga ou à fuga o mais rápido possível. Parece que, diferentemente dos homens,  parte da reação das mulheres diante do stress é produzir o hormônio ocitocina que as fazem sentir necessidade de proteger seus filhos e se agruparem com outras mulheres. E quando isso ocorre, produzem mais ocitocina, diminuindo assim o stress severo e produzindo um efeito calmante.
Achei o máximo e andei repassando para todas minhas amigas. No entanto, uma coisa é esse conhecimento intelectual de um fato e outra bem diferente é quando vocë VIVE a experiência, introjeta aquilo de tal forma, que passa  a fazer parte do seu patrimônio vivencial.
Durante um trânsito de Plutão sobre minha Lua, passei por momentos de muita tensão, inquietude e conturbação emocional. Stress, enfim. Como todo trânsito é um processo com suas fases e ciclos, após meses de sofrimento, quando todas as emoções possíveis vieram à tona e o caos tomou conta de minha rotina, senti um impulso irresistivel de procurar amigas que há anos não via, de frequentar grupos que inevitavelmente só eram formados por mulheres. E cada vez que voltava para casa, acompanhava-me um sentimento de alegria, contentamento. Mesmo que não tivesse sido tão interessante o encontro, tinha a impressão de ter sido nutrida pela energia das mulheres. (não, gente, não me tornei gay!)Comecei a perceber que nós mulheres somos capazes de falar sobre nossos sentimentos, sem que isso descambe para o terreno da fofoca. Há uma familiaridade e cumplicidade incrível entre as amigas e eu estava redescobrindo isso enquanto Plutão atormentava minha Lua canceriana. Estava reencontrando o poder e a força(Plutão) do feminino (Lua), através dessa retroalimentação entre nós, mulheres. Dizem que “as amigas ajudam a preencher vazios emocionais de nossas relações maritais e nos ajudam a recordar quem realmente somos.”
Creio que foi isso que acabei constatando através da experienciação genuina.  Como a Lua simboliza a mulher, a energia feminina, quando Plutão estimulou essa área da experiência foi possível, através dor e da transformação, reencontrar –me com meu lado receptivo e intuitivo.  A Lua é dona de nossas emoções mais profundas e de nossa capacidade de sonhar. Uma de suas  qualidades fundamentais  é a capacidade de estabelecer contatos que geram intimidade, isolando o perigo lá fora. Por exemplo, o útero, o lar, a familia…e eu acrescentaria o grupo de mulheres genuinas e cúmplices, que quando se reunem, criam um círculo protetor, criam uma atmosfera de intimidade e afeto que opera como uma verdadeira válvula de segurança a nivel inconsciente, protegendo-nos das ameaças à nossa integridade psíquica.
Enquanto os trânsitos dos planetas exteriores nos incitam à mudança, eles também oferecem a inigualável oportunidade de  reencontro com as qualidades mais nobres do planeta afetado. Claro que isso muitas vezes só é possivel depois de incomodar-nos muito, a ponto de nos tirar da zona de conforto em direção à transformação e crescimento necessários.