quarta-feira, 15 de outubro de 2008

SATURNO E OS MECANISMOS DE DEFESA - parte I

Durante toda nossa existência lutamos em busca da totalidade. Um trabalho constante no sentido de nos tornar mais conscientes, mais completos. Porém, é um processo interminável porque, a maior parte do tempo, estamos em luta com nós mesmos. Nossas partes brigam entre si pela supremacia na psique, aflorando com isso conflitos aparentemente insolúveis. O inconsciente pressiona para transferir seu conteúdo para o nível da consciência, o que demanda um esforço considerável. Procura alcançar a luz do dia, mesmo que seja doloroso ou destrutivo para a segurança e estabilidade do indivíduo.
Se o inconsciente falha em seu propósito,as partes suprimidas podem aparecer em forma de defesas da personalidade, em forma de doenças ou em projeções em outros indivíduos. Parece simples, não? Basta saber que há algo em nós que tenta alcançar um equilíbrio que preserve nossa saúde, fazer as pazes com as partes não vividas e vivermos felizes para sempre!
Quando nascemos, nos deparamos com um padrão de energia que nos acompanhará pelo resto da vida. Esse padrão foi codificado, através da observação e da experiência ao longo dos tempos, como o mapa astrológico. Esse mapa reflete fielmente o estado cósmico no momento do nascimento do indivíduo. O campo vibracional que o mapa simboliza vai se manifestar, ao longo da vida do indivíduo, como características psíquicas, vínculos e acontecimentos que ele deverá viver.
Claro que não é suficiente conhecer esse estado cósmico para encontrarmos o equilíbrio e resolver nossos problemas com o mundo. Mas que ajuda muito, ajuda!
Pensemos em nossos mecanismos de defesa. Todos nós desenvolvemos defesas de alguma forma, como algo inerente à nossa natureza. Defesas, como diz Liz Greene, não são negativas, é a maneira de garantir a sobrevivência em qualquer nível. Porém há defesas que podem ser altamente destrutivas quando se tornam tão rígidas e fechadas que impossibilitam o diálogo.
O mestre das defesas é o planeta Saturno. Todos o temos em algum lugar no mapa. Descobrir como ele funciona e como lidamos com este tipo de energia pode ser uma experiência fascinante. É como tirar a máscara e descobrir que na realidade não precisávamos tanto dela para nos proteger e, mais ainda, a máscara impedia-nos de ver com clareza o caminho de realização e plenitude de potencial que se descortina à frente.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Plutão, Capricórnio e a função paterna


Dizem os psicanalistas que a função paterna funciona como reguladora do desejo, organizadora da entrada do sujeito no mundo da linguagem, legisladora, limitadora, pacificadora. É preciso, segundo eles, que se sustente então a função fálica, o poder do pai. Com isso, eles querem dizer que o pai muito bonzinho, compreensivo e tolerante não consegue muitas vezes cumprir tal função, deixando seu filho carente de um registro, ou de uma marca com a qual possa referir-se como “sou filho de alguém” na qual se sustentaria.

Não é fácil exercer a dura função de pai, função simbólica que não remete exclusivamente à existência de um pai biológico. Simbólica porque é ela que vai estruturar todo nosso ordenamento psíquico. Como? Ocupando o pai o lugar daquele que frustra com habilidade, que nos depara com a impossibilidade de completude. E ao introjetarmos essa frustração primordial é que vamos em busca de realizações, por isso é o pai que regula o nosso desejo: ter ou não ter ambição, ter capacidade de luta ou incompetência, confiança ou falta de autoconfiança, força de vontade, determinação ou timidez, insegurança. Esse pai tem que segurar a barra, pôr limites quando a mãe quer facilitar tudo ao filho, trazer a Lei que vai regular o desejo, defrontando o filho com a impossibilidade de uma satisfação completa. Ele é o “terceiro” que vai romper a relação simbiótica de mãe-filho, estruturando-o como sujeito que deseja (e que, portanto, não se acomoda).

A função paterna é a que sustém a coerência de um mundo, garantindo com sua presença que o caos não prevalecerá. Proíbe e exclui, mas o faz para proteger e permitir que surjam outras possibilidades.

Lei, autoridade, Estado, pai...uma cadeia de significados equivalentes que se encontram no interior do simbolismo de Capricórnio.

Em 2008, Plutão entra em Capricórnio, após 13 anos passeando por Sagitário. Seus primeiros sinais já se fizeram ver quando a menina Isabela, de apenas 5 anos, foi jogada pela janela por seu pai. Indignação em todo o país e até mesmo no mundo. Um crime que abala profundamente a instituição família, que já vem sofrendo tantas transformações nas últimas décadas. Temos a impressão de que agora chegamos ao fundo do poço. Aquele que deveria proteger e cuidar é quem nos atira pela janela.

Quase de forma simultânea surge a noticia vindo da Áustria do pai que manteve a filha e três crianças nascidas do incesto presas em um porão durante 24 anos. Uma história de abuso sexual, de filhos gerados e criados em um cubículo sem nunca terem visto a luz do dia. Por que esta história aparece justo agora? Aqui vemos a energia plutoniana emergindo da escuridão, destapando os horrores escondidos no porão do nosso inconsciente coletivo. Mais uma vez é a figura paterna que se torna ameaçadora e ameaçada.

Em sua passagem por Capricórnio, Plutão testa o poder do pai, da lei, do limite. Destrói para construir. O que surgirá depois ainda é uma incógnita.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

SINASTRIA - A astrologia nos relacionamentos

"Dai vossos corações, mas não os confieis à guarda um do outro.
Pois somente a mão da VIDA pode conter vossos corações.
E vivei juntos, mas não vos aconchegueis demasiadamente;
Pois as colunas do templo
Erguem-se separadamente
E o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro."
Khalil Gibran


Uma das perguntas que mais atraem as pessoas que consultam um astrólogo é sobre que signo combina com o delas. Como se a questão se resumisse apenas a esse tipo de compatibilidade. Signos podem combinar com signos. Porém, quando se trata de pessoas o enfoque é diferente. Seres humanos são complexos, isso é bastante óbvio. O signo solar é apenas uma dimensão de nossa totalidade. E mesmo que busquemos alguém com um singo que combine com nosso signo solar, esse fato, em absoluto, poderá garantir que seja uma relação satisfatória. Em algum nível teremos afinidades e possivelmente desfrutaremos de uma certa harmonia, mas é impossível negar ou subtrair as outras facetas de nosso caráter (os outros componentes do nosso mapa).
Chama-se Sinastria a área de estudos que faz a comparação de dois mapas astrológicos. É uma técnica usada para determinar as afinidades entre dois indivíduos - em qualquer tipo de relação: homem/ mulher, pai/filho, sócios, etc - o grau de compatibilidade e também as áreas de aprendizado e adaptação. Em outras palavras, a sinastria vai pontuar aquelas dimensões da personalidade de cada um que se compatibilizam e são harmônicas, as diferentes perspectivas que possam ter, marcando pontos de um provável conflito ou discordância. É nesse ponto que entram questões como maturidade, capacidade de aceitação do outro, de envolvimento, e outros requisitos básicos para um relacionamento harmonioso que não dependem tanto da leitura dos mapas, mas do modo como cada um aprende a lidar com as energias e potencialidades que traz latente no seu tema natal.
Através da prática astrológica pude observar que muitos casais apresentavam um alto grau de compatibilidade na comparação de seus mapas individuais, mas que , apesar disso, enfrentavam sérios conflitos de relacionamento. Uma análise mais minuciosa do mapa de cada um mostrava conflitos de personalidade que necessitavam ser solucionados, em primeiro lugar.
Há, portanto, alguns requisitos prévios à interpretação que precisamos lever em consideração numa Sinastria. O primeiro requisito é o fator individual, ou seja , a capacidade de relacionamento da pessoa. O elemento-chave que nos faz entrever quais as potencialidades de relacionamento serão possíveis é encontrado na infância do indivíduo. Através dos diferentes tipos de vínculos com os elementos da família, a criança vai armazenando um potencial vincular com essas figuras que se tornam modelos internalizados de relacionamento. Esses modelos servirão de padrão para o futuro.
As relações com o mundo vão refletir a maneira como o encaramos. O contato estabelecido com ele é determinado pelo mapa individual. A compreensão desses padrões natais permitirá ao indivíduo entrar em contato consigo mesmo para discriminar e desvencilhar-se de seus condicionamentos. A auto-compreensão nos leva ao amadurecimento. A pessoa amadurecida pode efetuar escolhas baseadas em percepções exatas de si mesma e dos outros. Quanto menos conhecer de si mesma, mais partes do seu eu fragmentado são projetadas nos outros, e mais dependente a pessoa se torna desses receptáculos de suas projeções.
Externalizamos nossos conflitos intrapsíquicos em nossos relacionamentos, que são apontados pelas quadraturas e oposições do mapa astral. Cada um desses aspectos astrológicos marca uma característica da personalidade que põe à prova a habilidade de nos relacionar harmoniosamente com os demais.
Outro requisito básico para ser levado em conta na comparação de mapas está no conceito de vìnculos. Um vínculo pode ser definido como uma estrutura dinâmica que liga uma pessoa a outra. É um conceito extremamente importante dentro da Teoria Geral dos Sistemas. Segundo essa teoria, o não-relacionamento é impossível, somos criaturas inter-relacionais, portanto o eu só pode ser compreendido em sua relação com o outro.
Na comparação de dois mapas astrológicos, cria-se um novo campo energético que é dado pela interação dos campos de energias individuais. Chamamos a isso de "interaspectos" , ou seja, os aspectos recíprocos de cada mapa. Pela análise desses interaspectos, encontraremos diferentes tipos de vínculos.
Os problemas que enfrentamos em nossas vidas são decorrentes de uma perturbação do sistema de vínculos, do nosso sistema de comunicação. Se o indivíduo consegue sintonizar-se com a corrente energética do outro, se consegue adaptar-se e relacionar-se com alguém compatível, a probabilidade de que a relação seja funcional é extremamente alta. Mas se ambas as partes olham para a relação como um lugar onde se obtêm coisas ao invés de dá-las, o resultado pode ser desastroso, não importando quão compatíveis sejam seus mapas entre si.
As motivações que impulsionam as pessoas a se escolherem estão relacionadas a fatores inconscientes. Isto é, a escolha é feita geralmente a partir de uma complementariedade. Por isso, é interessante perguntar o que cada um viu no outro que o atraiu. Por que, dentre milhares de pessoas, você foi escolher exatamente aquela?
Uma pessoa cuja alta estima seja reduzida, nutre fortes ilusões e expectativas com relação ao que espera do outro. A interpretação astrológica dos relacionamentos deverá apontar não só as áreas de compatibilidade e harmonia, mas as diferenças que inexoravelmente existem. E são elas que desafiam nossa habilidade para respeitar e aceitar o outro, e contribuem de forma criativa para o processo de evolução a dois.
A partir desses requisitos prévios, pode-se dar início à pesquisa dos mapas astrológicos envolvidos, aplicando as diferentes técnicas disponíveis. A sinastria vai apontar tanto as afinidades quanto os desafios ou estímulos dentro de uma relação.
A função da sinastria astrológica é determinar o grau de compatibilidade de uma relação, mas a decisão final está nas mãos das pessoas envolvidas.
Betinha Paes
(Artigo publicado no Jornal Quíron, em 1994)

domingo, 23 de março de 2008

OS ELEMENTOS NA ASTROLOGIA: UM ENFOQUE TERAPÊUTICO

A partir da física quântica, chegou-se à conclusão científica do que já afirmavam os orientais: que matéria e energia não podem ser consideradas coisas separadas, porque são lados opostos de uma mesma moeda. Matéria é energia condensada. E energia é matéria em radiação. Os átomos seriam concentrações de energia, vórtices de força pura que criam campos magnéticos definidos e que há leis que unem os átomos com a mesma vibração íntima, formando os sete planos da Matéria Universal, as sete espécies de energia ou TATTWAS. E, de acordo com a lei universal de correspondência do microcosmos com o macrocosmos, esses sete princípios no Universo também se manifestam no Homem. Para a filosofia oriental o homem só utiliza cinco planos da matéria Universal, mas formando com eles os sete corpos, que seriam: o físico denso, o etérico, o astral, o mental inferior, o mental superior, o Búdhico e o Atmico ou Nirvânico. Dos sete TATTWAS somente quatro se manifestam no plano terreno, que corresponderiam aos quatro elementos: Água, Ar, Terra e Fogo. O éter seria o quinto elemento, usado na medicina ayurvédica que o considera a origem dos outro quatro. Os elementos são forças que vitalizam os corpos ou veículos humanos. A Terra vitaliza o corpo físico, o Fogo relaciona-se ao corpo etérico, a Água com o corpo astral e o Ar com o corpo mental.
Na Astrologia usamos o balanço energético dos quatro elementos como diagnóstico dos campos físico, emocional, mental e espiritual do indivíduo. Sabemos que um desequilíbrio desses elementos distorce a maneira como percebemos a realidade e leva-nos a enfermidades físicas e emocionais.
Analisemos cada um desses elementos: o elemento Fogo vitaliza o campo etérico, é o que dá a energia física, o calor, a autoconfiança. Está associado com todos os processos catabólicos do corpo e com o sistema nervoso simpático. Se no Mapa Astral há uma carência desse elemento, será possível diagnosticar uma falta de entusiasmo e vitalidade visível na coloração da pele, tendendo à palidez. Socialmente, reflete-se numa dificuldade de ocupar espaço, pois o campo áurico (corpo etérico) encontra-se reduzido. Consequentemente, o indivíduo teme impor sua identidade, evita tomar atitudes ou interferir de alguma forma no meio. Com a leitura do Mapa, podemos identificar o desequilíbrio básico e sugerir meios de se reequilibrar, buscando formas terapêuticas que o estimule a liberar sua luminosidade interior, sua autoconfiança, coragem e auto-expressão. O primeiro passo é indicar, se não houver contra-indicação médica, algum tipo de atividade física, de preferência um esporte competitivo para que possa conscientizar-se de sua própria capacidade, adquirir domínio sobre o corpo e ativar a circulação sangüínea. Banhos de sol matinal, principalmente nas plantas dos pés e sobre a coluna vertebral são de grande ajuda para absorver a energia ígnea de forma direta. Atividades como cortar com faca ou tesoura também estimulam nossa cota de fogo. Para ativar a circulação, massagens com óleos. Outras atividades como dançar, evitar alimentos pesados e não tomar líquidos nas refeições podem também fazer parte da terapia de fogo. Florais e Homeopatia são necessários em qualquer tipo de desequilíbrio elementar.
O elemento Ar vitaliza o corpo mental, o movimento dado pela mente através do sistema nervoso central e do parassimpático. Tem relação com a respiração e a forma como intermediamos com o mundo exterior. Uma carência de Ar prejudica a capacidade de abstração e elaboração das vivências, pois Ar está relacionado com a função de julgar e ser objetivo que caracteriza a mente racional. No nível físico afeta a capacidade respiratória e debilita o sistema nervoso, em conseqüência nos defrontamos no campo anímico com falta de objetividade, rigidez mental, áreas de interesses reduzidas e dificuldade no contato social. A terapia para carência de Ar poderia começar com exercícios de respiração , ou simplesmente aprendendo a cantar e executá-lo no chuveiro, no carro, na cozinha, etc. Psicoterapia ajuda a verbalizar nossos conflitos e obter uma perspectiva mais ampla daquilo que nos aflige. Outro tipo de atividade de fácil execução é o caminhar sem rumo definido, fazendo diálogos internos para desobstruir o campo mental, dissolvendo ressentimentos (energia estagnada) e problemas cotidianos.
O elemento Terra vitaliza o corpo físico, os cinco sentidos, o material sólido que dá ao corpo sua estrutura básica e suporte para os órgãos. É a conexão com a realidade física, a rotina do dia-a-dia e a sobrevivência material. A falta desse elemento compromete nosso bom senso, porque nos desligamos de nossas necessidades básicas, tornando-nos fantasiosos e sonhadores. Terra restaura e sustém nossa energia e, quando em falta, estamos constantemente sujeitos ao stress por não saber regular o ritmo de nossas atividades que é função de Terra.
Terapeuticamente, é recomendado um contato mais íntimo com a natureza, como andar descalço, cuidar de plantas, trabalhar com argila, abraçar árvores... Na cromoterapia a cor verde é refrescante, tranqüilizante, proporciona equilíbrio e serenidade, qualidades associadas à Terra. Podemos trabalhar a consciência corporal com técnicas tipo Rolfing, Bioenergética, Tai chi chuan e outras. É importante que as pessoas carentes de Terra saibam organizar sua vida planificando as atividades através de um agenda, impondo-se uma disciplina com o horário do cotidiano. Se aprendermos a cozinhar poderemos cuidar de nós mesmos e nos responsabilizarmos pelo nosso alimento.
Finalmente, o elemento Água vitaliza o corpo astral, os fluidos do corpo: linfa, sangue e secreções mucosas. Está relacionado aos processos anabólicos e à direção das emoções. É o princípio de entrega porque cria laços simbióticos e envolventes. A ausência total ou parcial deste elemento no Mapa Astrológico traz transtornos no campo emocional, causando dificuldade de entrar em contato com os próprios sentimentos. Teme o desborde emocional porque é algo que está inconsciente nele, produzindo excesso de autocontrole e dificuldade de sentir e compreender o outro. Como terapia, recomenda-se beber muita água para limpar as impurezas que se acumulam no corpo físico. O banho demorado ou alternado de frio e quente, nadar, contemplar água de cascatas, fontes e rios são atividades terapêuticas também recomendadas. Para descarregar a energia estática, flexibilizar, dissolver nossas barreiras defensivas e de rigidez, um escalda-pés pode ser o ideal. É extremamente relaxante e restaurador e pode ser feito diariamente. Água é sentimento, sensibilidade. Escutar música instrumental e ler poesias desperta a emoção na alma e ativa o lado direito do cérebro. A cor azul traz paz, relaxamento, serenidade, purifica o sangue, controla as correntes psíquicas e elimina angústia. É a cor relacionada com água e usada como terapia adicional.
Tanto o excesso como a carência de algum elemento no Mapa Astral é um desafio ao crescimento. O desuso ou abuso de nossas energias são fatores que bloqueiam nosso desenvolvimento, nos desequilibram e impedem de trilhar em harmonia o caminho de Evolução.

OS PLANETAS E OS CHACRAS

Numa noite de céu estrelado, quando observarmos uma galáxia no espaço infinito, na realidade estaremos olhando a nós mesmos, porque nosso corpo é a representação em forma compacta e infinitesimal de todos os mundos exteriores. Somos, pois, a manifestação finita do universo e, dessa forma, cada pequena célula do nosso corpo atua como receptora e transmissora das influências celestes. Se somos uma forma condensada de um universo infinitamente profundo, então cada um de nós é um universo e cada um de nós é, também, uma célula desse corpo universal.
Se o universo muda constantemente, também nossas células físicas e energéticas estão mudando. É a evolução dos mundos. É a evolução do homem. “Como é em cima, é embaixo”: a Lei de Correspondência diz que assim como as forças criativas dentro do ventre materno agem sobre o feto, assim também os raios cósmicos estão ativos sobre o homem. Parte dessa influência é filtrada através dos planetas do nosso sistema solar. O sol é nosso doador de vida, assim como o coração é o órgão que faz pulsar nossa energia vital.
O corpo etérico, essa parte invisível do corpo físico por onde fluem as correntes vitais que nos mantêm vivos, é o que nos comunica com o mundo, com os outros seres e com o universo. É através dele que recebemos as informações necessárias para a formação de nossos centros energéticos ou vórtices de energia: os chacras. Temos sete vórtices principais, sete canais de comunicação energética que vitalizam e comunicam todos nossos corpos. Esses sete centros de força, ou chacras, estão representados no corpo físico pelas glândulas endócrinas, que, por sua vez, são associadas aos planetas. Mas, todo e qualquer órgão, sistema ou chacra do nosso corpo físico e energético recebe a influência combinada de mais de um planeta, sendo que, de acordo com o aspecto observado, um planeta pode predominar sobre os outros. Daí a diversidade de interpretações que existem ao se associar os centros de força aos planetas.
Da mesma forma que cada centro não tem uma função isolada, estando nele presentes as funções dos outros centros em diferentes níveis, também cada centro está vinculado a outros planetas, variando apenas o enfoque. Entenderemos melhor se analisarmos alguns desses centros: O primeiro centro, ou chacra básico, tem como uma das funções principais a criação e expressão das necessidades de sobrevivência, que determina os limites de nossa coragem. Essa perspectiva está relacionada a Marte. A cor associada a Marte é o vermelho, que também é a cor predominante desse chacra. Marte rege a sexualidade, a agressividade, o egoísmo e nossos impulsos de sobrevivência. O chacra básico cuida da qualificação e evolução da espécie. É rudimentar e ainda não reconhece o outro, pois o processo de sociabilização só aparece no segundo centro. As glândulas endócrinas relacionadas ao primeiro centro são as supra-renais, onde se elabora a adrenalina. Hormônio associado ao planeta Marte e que cumpre a função de ataque e impulsiona os mecanismos de defesa diante de qualquer agressão, situação de risco ou susto. Alguns associam as supra-renais ao planeta Júpiter, porque seus hormônios agem como um poderoso estimulante cardíaco, exercendo um efeito calmante e suave quando o equilíbrio interno é destruído por emoções negativas. Outra função desse chacra básico é a harmonização do corpo físico no plano terreno, ou seja, a compreensão da dimensão física e a capacidade de nos mantermos na posição bípede, graças à estrutura óssea. Nesse caso, a vibração planetária é de Saturno, planeta que por analogia marca o limite e a estrutura da consciência e do corpo físico. Saturno é associado ao esqueleto e à pele (estrutura e limite do corpo). Assim, disfunções do primeiro centro podem se manifestar como patologias da pele e do sistema ósseo, por dificuldade adaptativa ao meio ambiente. O elemento associado a esse chacra é a Terra, que nos liga a Saturno e que simboliza o plano físico e a materialização.
Marte também está representado no segundo centro, ou chacra esplênico, na vibração que corresponde à experiência e conscientização do prazer, cujas glândulas são as gônadas (glândulas sexuais tanto masculinas como femininas). O elemento associado a esse centro é a Água. Nele se ativam nossos sonhos, dando-nos a capacidade de sonhar e de nos lembrarmos do material onírico e de onde flui nossa energia criativa. É óbvia a identificação que pode-se fazer entre essas funções e a energia lunar.
O terceiro centro, ou chacra umbilical, é o da identidade, da unidade do ser e das questões de poder pessoal. É eminentemente solar e controlado pelas funções do baço e do pâncreas. O baço, esotericamente, é a porta de entrada das forças emanadas pelo Sol que assimilamos e que circulam pelo nosso organismo como fluido vital. A cor amarela lembra-nos o brilho dourado do Sol. A nível energético, cuida da imunologia do “Eu”, da distribuição e controle de todos os hormônios do corpo. Conseqüentemente, é ele que controla todos os outros chacras. O Sol pode ser associado à identidade básica, ao poder de integração de si mesmo e à vitalidade. O elemento é o Fogo, que cuida dos processos metabólicos localizados na região abdominal. Em algumas linhas filosóficas este centro é relacionado a Marte. O que é compreensível, porque a raiva, sentimento conseqüente da frustração de nossos impulsos (Marte), é emanada de um terceiro centro em desarmonia. Além disso, tonicidade muscular, outra característica marciana, é uma das funções principais do terceiro centro.
O chacra do coração, ou quarto centro de força, é por analogia ligado ao planeta Vênus no que se refere à nossa capacidade de amar. É ele que controla o fluxo da energia do amor. A cor verde predominante nesse centro é também a cor de Vênus, que harmoniza e acalma. A glândula Timo, principal fonte de poder imunológico do ser é de regência solar, mas é o amor (Vênus) que lhe dá energia.
Com os outros centros ocorre o mesmo processo. A integração entre eles é fundamental, assim como necessitamos integrar as energias planetárias dentro de nós. Diversos livros de astrologia descrevem e enumeram a influência das relações entre dois ou mais planetas, o que em linguagem astrológica chamamos aspectos, que são na realidade, canais por onde flui a energia básica do indivíduo. Assim, aspectos conflitantes fazem com que haja um bloqueio, desvio ou mau uso da energia, impedindo sua livre expressão e ocasionando desequilíbrios emocionais, físicos ou espirituais. Os planetas envolvidos no aspecto tenso e os signos no qual se encontram podem registrar uma disfunção ou bloqueio no chacra correspondente. Diferentes métodos de abordagem já foram desenvolvidos por astrólogos para diagnosticar e prevenir distúrbios energéticos e físicos, mas, infelizmente, não há um consenso geral.
Donna Cunningham, no seu livro “Astrologia e cura através das vibrações”, menciona de forma sucinta essa discrepância sobre qual planeta pertence a que chacra e faz uma excelente leitura sobre os bloqueios ou distúrbios que podem ocorrer por posicionamentos difíceis dos planetas. O livro “Em busca do Eu” de Shirley Maclaine transmite-nos técnicas fáceis e eficientes de harmonização dos chacras. Sua linguagem envolvente e acessível nos põe em contato com um conhecimento inestimável para nosso crescimento e equilíbrio interno.
Acredito que o ponto de partida para saber lidar com nossas dificuldades é reconhecê-las, em primeira instância, e a partir daí, procurar mecanismos de apoio, seja através de psicoterapias, massagens, harmonização energética, cromoterapia, homeopatia, etc. Há dezenas de novas técnicas surgindo a cada dia. Nenhuma oferece cura total, mas depende de nós sabermos quais se ajustam melhor às nossas necessidades e temperamento, e lançar mão de todos os recursos disponíveis para encontrar o equilíbrio e fundamentar nossa busca de auto-realização.
É no movimento dos planetas através dos signos e casas que mobilizamos e ativamos pontos de tensão internos que já trazemos como trabalhos a realizar. Muitas vezes necessitamos de uma experiência repentina ou dolorosa para mudarmos de nível e nos capacitarmos para ver o novo sentido que a vida quer nos mostrar. O céu, na sua linguagem silenciosa e sutil, remete-nos ao passado, descobre-nos o presente e nos descortina as infinitas possibilidades do futuro. O Mapa Astral é o registro simbólico desse momento único e mágico que marcou nosso nascimento. Nele temos um trampolim para grandes saltos, porque através do autoconhecimento chegaremos mais rapidamente à auto-realização e à cura. Saibamos agradecer ao Universo a grande oportunidade de evolução que nos foi dada.

sexta-feira, 21 de março de 2008

A MANDALA ASTROLÓGICA: VISÃO HOLOGRÁFICA DA ALMA

“Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha, porque altiva vive.”
Fernando Pessoa

A Mandala é uma manifestação do psiquismo humano quando se procura o resgate e a unificação de partes dissociadas ou negadas de nossa Totalidade. Trata-se de um símbolo largamente utilizado tanto no Ocidente quanto no Oriente, para a prática da meditação. Carl G. Jung afirmava que, para que o inconsciente pudesse ser atingido e expresso, seria necessário contar com a magia dos símbolos. E a Astrologia é uma linguagem simbólica por excelência. Após desenhar mandalas de forma intuitiva, Jung ,aos poucos, foi percebendo-as como símbolos da totalidade, da integração e da realização
Dane Rudhyar, conhecido como “pai da astrologia moderna”, foi o primeiro a introduzir a interpretação holística do Mapa Astral. Designou o mapa como uma Mandala Astrológica, um modelo de tudo o que somos e do que podemos ser, tendo no centro a morada da divindade, e na periferia as diferentes manifestações da Unidade Infinita. Todas as mandalas, sejam astrológicas ou não, têm em comum o ponto central, amorfo, onde os opostos se reconciliam, onde as polaridades são anuladas. A Mandala Astrológica, portanto, não é apenas um diagrama das posições dos planetas, mas a representação global do Ser, simbolizando e expressando as energias do nosso espaço interior, independentes do tempo e do lugar. É uma ferramenta extraordinária, uma linguagem da consciência e da experiência interior e possui uma tremenda força curativa quando nos sintonizamos conscientemente com essa ordem cósmica.
O estudo paciente e honesto do Mapa Astral nos abriria as portas para uma consciência efetiva de nossa natureza interior, atualizando as nossas potencialidades inatas e descobrindo os impulsos, desejos, necessidades, emoções positivas ou negativas que negamos como próprias. Sem essa consciência estamos condenados a vivenciar, como vindos de fora, os aspectos obscuros de nossa psique, principalmente em nossos relacionamentos. E a medida que avançamos em nossa busca de interioridade, vamos transcendendo a fragmentação e a desordem oriundas de uma identificação excessiva com a forma. É dessa maneira que ocorre o processo de cura. O ser humano tende a ver-se a si mesmo como uma forma separada do resto do mundo, impedido de observar-se dentro de um contexto maior e de perceber os padrões cíclicos da energia. A consciência humana tende a polarizar-se, ou seja, parcializar a realidade. Não percebemos a totalidade do quadro, tendo que transitar ora na figura ora no fundo, ora na luz, ora na sombra. Para captar a totalidade, fazer a síntese correta, é preciso levar em conta esse mecanismo de exclusão de nossa percepção.
Em termos práticos, que podemos concluir sobre a importância dessa visão mandálica do Mapa Astral? Como dissemos, não se trata apenas de uma “foto do céu no horário de nascimento”, indicando a posição dos corpos celestes, mas de uma representação simbólica da Unidade do Ser, a imagem de um quebra-cabeças completo, um mapa de navegação de nosso Universo interior.
E como afirma Stephen Arroyo, o astrólogo seria “um canal de grande força curativa e mágica do cosmos”[1], indicando com isso que cabe ao astrólogo a delicada tarefa de traduzir a linguagem cósmica de tal maneira que estimule o indivíduo a sintonizar-se conscientemente com a ordem Universal. Porém, se vivemos numa cultura fragmentada, esquizofrênica e materialista, somos contaminados por essa visão de mundo, resultando numa deformação dessa grande força integradora e unificadora da Astrologia. Nossa concepção de espaço-tempo é linear e causal, o que nos dificulta ter acesso a outras dimensões e entender os ciclos da vida como um eterno retorno circular. O círculo representando a mandala astrológica simboliza um ciclo de evolução encerrado nela mesma, onde percebemos que nada é concluído na casa XII, porque onde ela termina começa o Ascendente.
A proposta de astrólogos como Rudhyar, Arroyo , Eugenio Carutti e outros é que devemos olhar o mapa astral como uma mandala e como tal, ela é um símbolo por si só, representando o Self ou a Totalidade do Ser. Todos os outros símbolos contidos nessa mandala indicariam apenas as diferentes partes desse Self, sendo que nenhum ponto pode ser isolado nem considerado como mais importante, nem mais fundamental. Como a consciência tende a identificar-se com os fragmentos isolados, nos reconhecemos em algum fragmento da totalidade do mapa, excluindo ou projetando partes importantes de nossa identidade. Projetar significa literalmente lançar, arremeter. E é o que faz a consciência com aqueles aspectos que, por alguma razão, não suportamos em nós mesmos e os lançamos aos outros, investindo-os com essas particularidades. Esse mecanismo é característico da mente humana polarizada, ainda identificada com a forma, que para ver, ouvir ou perceber algo tem que excluir uma parte. A maior dificuldade, talvez, para estudar astrologia resida nessa limitação do humano para sentir e compreender o todo, para sintetizar sem polarizar-se em um só aspecto. Há uma idéia fundamental, portanto, para entender o que significa a Mandala Astrológica: partindo do conceito de que tudo é energia, o mapa representaria um campo energético que emite vibrações constantemente. Ao nascer, o indivíduo vai reagir a essa vibração de forma particular, incorporando parte desta energia com a qual se identifica e rejeitando outras partes. Identifica-se com determinadas experiências, reconhecendo-se em umas e não suportando viver outras, formando assim, através da polarização, o conceito de ego, de uma existência auto-centrada. E assim, como nos explica o astrólogo argentino Eugênio Carutti, “vai-se tecendo uma estrutura psicológica que não coincide com a estrutura energética. Diríamos que a estrutura energética vai esculpindo a estrutura psicológica”[2]. Com esse conceito fica muito mais fácil entender porque pessoas com o mesmo mapa astral são tão diferentes. Um bom tema para discussão...
Assim como tudo no Universo a mandala astrológica é uma estrutura holográfica. Para entendermos essa afirmativa, temos primeiro que entender o que é um holograma. Trata-se de uma fotografia tridimensional feita com ajuda de raios laser. Ao fotografar um objeto dessa maneira, aparece a imagem tridimensional deste objeto. Porém, diferentemente das fotografias normais, se cortarmos em partes esse holograma, em cada parte ainda será encontrada a imagem do objeto inteiro. É o “todo em cada parte”, conceito que vem sendo chamado de paradigma holográfico e que está sendo utilizado como modelo para compreender outros níveis de realidade. Vários pesquisadores estão percebendo uma nova maneira de entender o Universo, em diferentes campos do saber. Um holograma ensina-nos que em um nível mais profundo de realidade todas as coisas do Universo estão intimamente interconectadas. Transpondo essa linguagem holográfica para a Astrologia, passamos a ver a mandala astrológica como uma matriz global, onde cada um dos seus elementos recria essa matriz, comunicando a profunda unidade que existe entre o exterior e o interior, entre o Céu e a Terra, entre o Homem e o Cosmos. Como um holograma, cada parte da mandala contém toda a informação possuída pelo todo. Em nossos mapas estão presentes todas os signos, planetas e aspectos em diferentes proporções. Cada parte está na totalidade e representa uma totalidade em si mesma. Se nos identificarmos com apenas uma parte, as outras partes fragmentadas de nossa consciência irão se manifestar ao longo de nossa vida como “destino”. Entendamos aqui destino como aquilo que desconhecemos de nós mesmos e que temos que vivenciar, porque é parte de nosso holos, de nossa totalidade.
Conhecendo nosso mapa em profundidade, estaremos fazendo um movimento em direção a uma perspectiva mais equilibrada e realista da vida. Quando o processo de auto-conhecimento não segue seu curso, a vida se encarrega de fazer isso por nós, mas se soubermos colaborar com esse processo, com certeza será bem menos traumático e consequentemente mais gratificante!











[1] Arroyo, Stephen. Cosmos- La conexión perdida, Buenos Aires, Kier, 1987.
[2] Carutti, Eugênio. Ascendentes en Astrologia. Buenos Aires, Editorial Casa XI, 1997.